sexta-feira, 25 de julho de 2008

Bons tempos!!!

Pai: Bons tempos! Bons tempos aqueles em que lhe pegava nos braços e cantarolando, o fazia dormir embarcado em sonhos inocentes.

Filho: Bons tempos! Bons tempos aqueles em chegava em casa tarde da noite e lá no sofá, você me esperava cochilando tranqüilamente.

Pai: Bons tempos! Aqueles que me divertia tentando lhe divertir com caras e bocas ridículas, mas que sempre davam certo. Para ambos!

Filho: Bons tempos! Aqueles que eu dava gargalhadas ao lhe ver brigar com vídeo cassete e dizendo palavrões, que hoje nem sei mais se ainda são palavrões.

Pai: Bons tempos! Os que eu lhe perseguia pela casa, você com o corpo nu e eu gritando feito louco, para que vestisse algo descente.

Filho: Bons tempos! Os que eu lhe encontrava na garagem fumando o seu velho charuto e depois dizia para não contar a mamãe, que aquele era o nosso segredo.

Pai: Bons tempos! O primeiro dia de aula, que encarou feliz e eu, chorei como um marmanjo idiota e infantil.

Filho: Bons tempos! O último jogo de futebol que jogamos juntos, eu fiz um gol e você marcou dois, contra, mas que foram motivo de comemoração.

Pai: Bons tempos! Quando sua professora me fez a reclamação de que você ficava olhando as calcinhas das meninas, mas quando briguei com você, me perguntou: Pai, o que é bonito não para se olhar?

Filho: Bons tempos! Quando a mamãe reclamou que você ficava na areia da praia de óculos escuros só para olhar as mulheres e ela não perceber, mas quando falei com você me disse: Filho esse é o único jeito que tenho para dormir enquanto sua mãe fala e ela não percebe!

Pai: Bons tempos! A sua primeira namorada, você me apresentou a menina e disse que era a mulher da sua vida. Dois dias depois apareceu com a prima dela dizendo a mesma coisa!

Filho: Bons tempos! A sua primeira expressão no rosto, quando disse que ia me casar. Superada duas semanas depois quando disse que você seria avô!

Pai: Bons tempos! O dia que seu primeiro filho nasceu e você disse: Vai ter o nome do avô, Francisco!

Filho: Bons tempos! O dia do nascimento do seu primeiro neto e que dei seu nome, mas quando eu lhe perguntei você disse: Coitado do garoto!

Pai: Bons tempos! A vez que briguei com você porque eu queria assistir ao jogo na torcida do meu time e você se negou indo para a torcida do seu time, mas que no fim, acabamos mesmo assistindo na televisão de um botequim.

Filho: Bons tempos! A vez que briguei com você porque eu achava melhor ir para praia e você preferia serra, mas que no fim, acabamos acampados no quintal, com toda a família.

Pai: Bons tempos! Quando fiquei doente e você chorando feito uma criança, disse que eu ainda era o seu herói de capa vermelha.

Filho: Bons tempos! Quando corri ao hospital desesperado e depois de muito choro, você disse que agora eu é que era o seu herói de capa vermelha.

Pai: Bons tempos! Sempre serão bons tempos.

Filho: Bons tempos! Sempre estarão gravados aqui dentro.

Diogo Nery...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Coração

Ela tá ali, ela tá bem ali caramba! O quê que falta? Por que não se move? Ela tá bem ali. Por que só fica olhando? Não dá pra entender! Por que não atravessa a rua, quebra a vidraça e a resgata pra você? Tira ela dessa eterna vitrine que você mesmo criou e depois dá uma de príncipe perdido, sei lá... Por quê? Por que não te dá aquela coragem que infla o peito e te faz atravessar paredes? Seria tão útil agora! Pelo menos te impediria de sentir esse vazio que te atormenta. Ela tá ali e só o que consegue, é olhar. É sempre assim, em anos é assim. Por quê? O que ela tem que te perfura o peito, a alma, os pensamentos? Quer saber... Vai lá, vai agora... Como assim? Como não pode ir? Não sabe o que ela diria? Você nem mesmo sabe o que você diria, meu amigo. Ah é melhor só olhar? Então espera... Fica esperando que um carro te atropele! Depois que ela te veja e fique com pena, ou melhor, que ela esteja dirigindo o carro, te atropele e aí sim fique com pena, o sentimento vai ser mais forte. Por que é tão difícil? Você não se cansa de ficar só olhando? Quantas vezes eu vou ter que te pegar vendo a foto dela no msn? Espera... Acho que ela te viu... Sim, ela te viu, ela te viu! Tá vindo aqui! Droga... Fica calmo, fica calmo! Isso, lê o jornal! Ela tá chegando, acho que vai falar alguma coisa... Ela vai falar... Nem acredito, ela vai falar! Só um minuto... Não... Alarme falso, veio na banca comprar jornal. Não dá pra acreditar, ela tá aqui, aqui do lado. Faz alguma coisa. Você tem que fazer alguma coisa. Pára de falar que o cheiro dela é bom, eu não quero saber. Isso é ridículo, ela tá tão perto e você a torna tão longe, com se tivesse um abismo entre vocês. Um passo e mergulha na escuridão sem fim. Por que você é assim? Eu sei que o medo de ouvir o tal “Não” é enorme, mas faz alguma coisa, um dia tem que fazer. Não, espera, não faz isso. Não, não vai embora. Ah vai, ela tá bem ali, é só ir lá e... Pronto, agora ela também tá indo embora. Viu? Tá vendo que você fez? Perdeu a grande chance de novo. Deixa de ser idiota, ela estava ali e você não fez nada, seu medroso. Quê? Não, tá... Eu sei que não vou ajudar falando assim, mas é que você me revolta! Sim, eu sei que não é fácil, mas você não pode ficar tornando impossível, pelo amor de Deus! Tá bom... Tudo bem... Eu vou me calar... Como você quiser! Mas quero dizer uma coisa antes... Você não tá sendo justo, só escuta a razão lá em cima e coração aqui? Como fica? Uma hora vai ter que me ouvir, não esquece que também faço parte de você e quando dói, vem doer em mim, não na razão, tá legal? Ser o coração é um saco cara... Eu devia ter sido um rim ou quem sabe um pulmão... Minha vida seria mais fácil... Saco!!!


Diogo Nery...

domingo, 13 de abril de 2008

Boquiaberto


Esses dias eu estava conversando com o meu cachorro... Que foi? Sim, eu converso com meu cachorro sim, e daí? Vai dizer que você nunca conversou com o seu? Bom, como eu dizia... Esses dias eu estava conversando com o meu cachorro e me assustei ao ver que ele podia me responder. Fiquei surpreso ao ouvir ele me dar conselhos sobre a vida, de como ela dá voltas e de como tudo é uma questão de fase. De um certo modo ele tinha razão, o que era impressionante considerando que tais palavras vinham de um cachorro. Quanto mais conversávamos, mais eu me dava conta do quanto ele era culto e eu ignorante, sabia de tudo um pouco e eu de muito nada sabia.
Ficamos parados por um tempo, sentados na varanda em silêncio. E em um certo instante ele percebeu que algo me incomodava e perguntou:

Cachorro: O problema é tão grande assim?
Eu: Depende do ponto de vista...
Cachorro: E qual é o seu ponto de vista?
Eu: Acho que é grande.
Cachorro: Isso por que você está olhando de baixo.

Sinceramente, já era complicado de aceitar um cachorro falante, mas aceitar um cachorro falante e filosofo, era quase impossível.

Eu: Seja mais claro, por favor.
Cachorro: O problema só é grande para você por que está olhando de baixo, se olhar de cima, vai perceber que não tão grande assim.

Definitivamente meu cachorro era um filosofo! Nunca ninguém foi capaz de me dizer algo tão sábio quanto aquelas palavras que ele me dizia. Era perfeito! O problema só se torna grande se o olhamos de baixo, se olhamos de cima, fica pequeno e insignificante.

Cachorro: Tudo que fazemos e que passamos tem um propósito pré-definido, não estamos à mercê do destino e nem o destino está em nossas mãos. Se você aceita aquilo que lhe acontece, você está aprendendo a viver em harmonia com o que lhe acontece, ou seja, você está em harmonia com o destino. Assim, fica muito mais fácil de trilhar a vida, por que um leque de estradas se abre e a quantidade de caminhos a continuar, vai depender das suas escolhas. Aprenda a aceitar, é assim que se vive!

Ele tinha toda razão, eu não poderia me expressar melhor. Só se vence na vida, aprendendo a aceitar como ela é e nada mais. Assim que a vida é e é assim que ela sempre vai ser, oscilante.

Eu: Tem toda razão...

Foi a única coisa que consegui dizer naquele momento, já não importava mais que meu cachorro falasse, importava agora que jamais havia me dado conta de como seria mais fácil viver, se eu já tivesse aprendido a aceitar. Pelo menos, alguém me abriu os olhos, pior se ainda estivessem fechados.

Eu: Posso fazer uma pergunta?
Cachorro: À vontade!

Confesso que sentia-me tremendamente curioso a respeito de muitas coisas, mas havia uma que era excepcionalmente forte.

Eu: Onde você aprendeu tudo isso?

Ele me olhou por um instante com aqueles grandes olhos cor de castanha e respondeu:

Cachorro: O gato me ensinou.

Autor: Diogo Nery

quinta-feira, 10 de abril de 2008

EU MESMO

Eu sou eu mesmo
deitado com a cabeça no travesseiro
pensando em um terço
de tudo aquilo que eu não mereço.

Diogo Nery...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Estado de Choque

Hoje eu vi alguém morrer... E era eu! Me vi caído, com o corpo duro, frio e sem demonstrar a menor tranquilidade de alguém que morreu em paz. Me vi sendo colocado na maca e sendo coberto para nunca mais ver qualquer horizonte que seja. E mais tarde, fui enterrado com meus sonhos, para nunca mais ter aspirações. Só aí então tive um espasmo e me dei conta que era um sonho. Digo sonho por que pesadelo é o que vivo hoje... A frustração! Oh palavrinha que me define mais do que qualquer outra, é uma merda, mas é assim que é. Sinto que estou me perdendo cada vez mais e nem mesmo sei como posso tentar me encontrar. Só entro no meio do mato, ando, ando, ando.... E me perco cada vez mais! Minhas palavras chegaram em um grau que nem eu mesmo entendo. Minha inspiração arrumou as malas e foi em busca de um imóvel mais interessante. E o juízo, coitado, esse nunca esteve presente. Pode ser que tudo isso não passe de besteira, pode ser. Torço pra que seja isso, por que se não for, aí meu amigo... Vai ficar complicado! A verdade é que gritar não me permitido pelo nó na garganta, sonhar já deixou de ser interessante quando só se sonha, não se realiza e viver, bom isso... Isso é tão, mas tão irritante no momento, que seu fosse uma couve, seria uma couve feliz só por ser uma couve. Isso sim é vida, viver como um couve, nada mais!

Autor: Diogo Nery...